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Quem são as princesas de verdade?

Mulheres determinadas, destemidas e líderes

Esse mês, para escrever este texto tive que suar minha camisa. Pois, eu queria muito escrever sobre princesas negras. Então fui atrás de literaturas, estudos e tudo mais que estava ao meu alcance para encontrar o que achei que supria essa demanda (afinal, só o melhor para você, amiga leitora).

E sabe quantos contos de fadas, no estilo Disney achei? Dois: Jasmin, do Aladdin, e Tiana, da princesa e o sapo. E elas têm algo em comum: não são as típicas princesas.

E isso me chamou muito atenção.

Então, fui atrás da literatura africana, procurar pelas princesas deste continente. E achei algo que me deixou fascinada. A ideia de princesa, para esses povos, é muito diferente do conceito que conhecemos.

Lembrando que as “princesas”, como as conhecemos, são arquétipos criados pelos escritores de contos de fadas (Irmãos Grimm, Andersen, por exemplo) para caracterizar o tipo de garota seria o ideal social. A garota obediente, sempre positiva e sorridente, frágil e dependente da bondade dos homens ao seu redor. Que contam com fadas e passes de mágica para que seus sonhos se realizem e, ao desobedecer a alguém, já acontece algo muito ruim a vida delas.

Já na cultura africana a “princesa” é a líder de seu povo. Não é apenas a filha do rei ou do líder. Ela é forte e determinada, não teme entrar em batalhas ou em colocar sua opinião. Não espera que o socorro venha de alguém ou algum lugar, ela faz seu próprio destino. Alguns exemplos conhecidos dessas lideranças são Cleópatra e a Rainha de Sabá¹. Mas, fora elas, temos várias outras princesas e rainhas com esse mesmo arquétipo de força.

E por que essas histórias não são tão conhecidas do público? Simples, não seria o que se espera de nós, mulheres.

Socialmente falando, uma mulher que não tem medo de liderar, que é determinada, muitas vezes não é bem-vista. A força da mulher assusta, inclusive a própria mulher. Nós fomos criadas para sermos lideradas e não líderes. Mas já está na hora de acabar com esse rótulo, você não acha?

Sei que com toda a pressão e correria do dia a dia é difícil enxergar o quanto somos fortes, determinadas e potentes, mas se não começarmos a ver nossas qualidades estaremos sempre nos apequenando perante nossas vontades e aceitando o que esperam e querem de nós. Está na hora de olharmos para esse outro lado e dizer: eu também sou e posso ser uma princesa guerreira.

¹Referências retiradas do periódico “Leituras Compartilhadas: Princesas Africanas”, Março/2009

– por Carolina Dias

Carolina é mulher, negra, professora de línguas da rede municipal de SP, casada, estudiosa e curiosa. Acredita na força interior do autoconhecimento e do autorreconhecimento. Conheça mais sobre o perfil da autora desse texto no Instagram:@kroljuliana

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