Entenda sobre a violência doméstica e saiba como denunciar.
A história é a seguinte: Maria da Penha conheceu Marco Antônio Heredia Viveros, colombiano, quando estava cursando o mestrado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo em 1974. Na época, ele fazia os seus estudos de pós-graduação em Economia na mesma instituição.
Naquele ano, eles começaram a namorar e Marco Antônio demonstrava ser muito amável, educado e solidário com todos à sua volta. O casamento entre eles aconteceu em 1976.
Assim como Maria, todas temos uma história e um, “onde tudo começou” … Mas, o fato é que esse onde tudo começou não pode se tornar um CONTINUAR, se algo não estiver dando certo, precisamos ACABAR, DENUNCIAR e LUTAR.
Sim! Para Maria não estava dando certo. Assim como para muitas de nós não está! Um dos crimes mais graves contra ela aconteceu em 1983, Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte de Marco Antônio Heredia Viveros.
Primeiro, ele deu um tiro em suas costas enquanto ela dormia. Como resultado dessa agressão, Maria da Penha ficou paraplégica devido a lesões irreversíveis na terceira e quartas vértebras torácicas, laceração na dura-máter e destruição de um terço da medula à esquerda, constam-se ainda outras complicações físicas e traumas psicológicos.
Quantas de nós estamos transitando entre a Terra e o Inferno nesse período de quarentena, por violência doméstica? Estatisticamente, muitas é a resposta. Segundo a Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, na última sexta-feira (15 de maio) a pasta registrou um aumento de 35% nas denúncias de violência contra a mulher em abril, comparado ao mesmo mês no ano passado. Essas denúncias estão sendo recebidas no 180. O aumento é reflexo do isolamento social, devido ao novo coronavírus, pois as vítimas e agressores passam mais tempo em casa juntos.
Além do disque 180, o governo criou um App Direitos Humanos BR, que permite que possamos enviar vídeos e fotos que irão auxiliar na denúncia da agressão. Essas plataformas digitais auxiliam para que as vítimas possam denunciar seus agressores com mais privacidade do que uma ligação por telefone, já que muitas estão sob o mesmo teto deles durante 24h.
Nós, não precisamos nos despedaçar para completar quem não se importa com os nossos pedaços. O que precisamos é deixar para trás quem não nos leva para frente. Precisamos entender quando o FIM é necessário, isso exige força, coragem, valentia. Coloque você em primeiro lugar, não fique calada ou com medo. Não podemos forçar nossa jornada com pessoas que não devem permanecer com a gente. Sabemos que a dor é grande, como tudo que sangra em carne viva. Mas, sim… ainda estamos vivas, nós, Maria, tantas outras e ainda podemos lutar para que abusos parem de acontecer. Existe uma espécie de felicidade que só existe quando deixamos o que nos faz mal ir embora.
Não existe relação saudável, quando ambos não conseguem respirar. Medo, violência, sofrimento são sinônimos de morte.
Maria poderia ter se rendido a vitimização, mas fez melhor, transformou seu sofrimento em liberdade para nós MULHERES.
Ainda não temos GPS para confirmar se a nossa vida segue o rumo certo, mas certamente existe discernimento em cada uma de nós para sabermos o que nos fere, nos causa dor, nos entristece, nos reprime e nos sufoca. Não deixamos esses sentimentos nos silenciar, pelo contrário, vamos mostrar aos outros e a nós mesmas o quanto PODEMOS.
Eu confio e acredito em uma vida de transformação para TODAS NÓS. E se algum dia alguém vier contar a nossa história, que ela seja de VITÓRIA.
– por Raquel Vasconcelos
Raquel é Pedagoga, especialista em Psicopedagogia e Gestão Educacional, além disso, mestranda em Ciências e Matemática. Conheça mais sobre a autora desse texto: Instagram @raka.rmsv