Entenda melhor o que é exatamente um orgasmo
Quando você ouve a palavra orgasmo, qual é a primeira coisa em que você pensa? Essa pode parecer uma pergunta um tanto quanto óbvia para quem já vive uma vida sexual, seja ela individual ou não, cheia de orgasmos. Mas essa não é a realidade de todes. É uma loucura pensar no fato de que estamos em plano século XXI e o orgasmo, principalmente o cis feminino, continua sendo um tabu. Conheço pessoas que nunca gozaram (por mais que tentem), outras que não gostam de falar sobre isso, várias que não sabem se gozaram ou não e algumas que nem sequer tentaram se fazer chegar ao ápice do prazer em uma experiência sexual. Experienciar um orgasmo nos mobiliza em muitos lugares. Tanto no âmbito físico/corporal, quanto no âmbito emocional/mental.
Mas o que exatamente é um orgasmo? Bom, o orgasmo pode ser considerado o ápice/pico de prazer que alcançamos em vivências sexuais através da estimulação sexual. A partir do momento que nos excitamos sexualmente, inúmeras reações no corpo podem ser percebidas, como por exemplo: maior sensibilidade nas zonas erógenas*, aceleração da respiração, aumento da nossa frequência cardíaca, aumento da temperatura corporal, contrações na musculatura pélvica, entre outras. E conforme vamos estimulando essa excitação através de práticas sexuais essas reações físicas vão se potencializando até chegar a um clímax, a um ponto culminante, que no caso é o famigerado orgasmo. Biologicamente falando, o orgasmo é um fenômeno que acontece naturalmente com o nosso corpo. Não precisamos tomar consciência para que ele aconteça pois ele é mediado pelo sistema nervoso autônomo, que é a parte do nosso cérebro que é responsável pelas atividades do nosso corpo que a gente não controla, como a respiração. Ou seja, o orgasmo não pode ser controlado. Ele é algo que acontece. E mesmo assim, muitas pessoas, principalmente mulheres cis, não conseguem gozar. E qual seria o motivo? Por mais que atingir o orgasmo seja algo que nosso corpo saiba fazer naturalmente, o orgasmo não é apenas algo físico, ele é mental e emocional também. Quanto mais relaxades mentalmente, emocionalmente e fisicamente estamos, mais facilmente nosso sistema nervoso autônomo consegue trabalhar, logo, mais facilmente gozamos.
Para muitas mulheres cis pode ser bastante desafiador o processo de relaxar em uma experiência sexual, pois além de carregarmos vidas de repressão da nossa sexualidade, ainda temos todas as pressões que nós mesmas nos colocamos tanto para executar uma boa performance sexual, quanto para estarmos fisicamente atraentes na relação sexual e até para gozarmos dentro de um padrão esperado. Nós fomos ensinadas e socializadas para agradar ao outro em uma relação sexual. Mas nós, mulheres cis, temos o clitóris, que é um órgão que possui 8 mil terminações nervosas e que tem como única função nos proporcionar prazer. Eu recomendo fortemente que quem nunca gozou, comece estimulando ele, o clitóris. Tocando, conhecendo quais movimentos ao redor dele agradam mais e descobrindo o quão poderoso esse órgão pode ser, mas sem pressão alguma para chegar a qualquer lugar. Explore o clitóris pelo simples fato de que é muito gostoso tocar nele. O nosso prazer tem muita potência, mas muitas vezes duvidamos disso, pois nos fizeram duvidar castrando a sexualidade cis feminina e colocando ela socialmente como suja, maldita, coisa de puta e inúmeras outras coisas que nem vale a pena que sejam citadas. O nosso corpo sabe gozar, por mais que a gente não saiba disso ainda. E uma forma de alcançar esse ápice de prazer é abrir mão da mente controladora na experiência sexual. Sempre que alguma amiga me pergunta como gozar mais facilmente a minha resposta é a mesma: masturbação e relaxamento. Acredito que antes de gozarmos com outra pessoa, é importante que gozemos sozinhas. É necessário que a gente se auto conheça, crie referência do que gostamos, do que não gostamos e entendamos o nosso próprio prazer. Então a dica de hoje é mais uma vez: masturbe-se (quem tem me acompanhado por aqui deve achar que eu sou a maior fã da masturbação, e eu, de fato, sou). Mas eu complemento a dica propondo um exercício: antes de começar a se tocar, respire bem fundo algumas vezes tentando colocar toda a atenção na sua respiração, toda a atenção no aqui e agora, depois se estimule da forma que preferir e se entregue ao seu próprio prazer.
*Zonas erógenas são partes do corpo que podem funcionar como “gatilhos” para o prazer e a excitação sexual. São áreas sensíveis e extremamente ricas em terminações nervosas, que podem gerar uma quantidade de sensações variadas e intensas quando submetidas a um estímulo.
– por Jana Torres
Jana é atriz, amante da arte e da cultura, pós-graduanda em sexualidade humana e acredita no poder transformador e político da sexualidade. Está sempre em busca de catarses diárias, adora viagens, tatuagens, chocolates, vinhos, chás e liberdade. Conheça mais sobre a autora desse texto no instagram:@janatorres