Os bastidores cruéis do mundo da moda.
Estamos diante de uma pandemia que perdura há mais de 3 meses no mundo. Não bastasse o vírus letal, ainda nos deparamos com injustiças e violações dos direitos humanos em pleno 2020. Me refiro ao assassinato de um homem negro norte-americano, George Floyd. Por conta desse episódio nefasto, foram surgindo manifestações pelo mundo contra policiais envolvidos e discussões sobre genocídio negro naquele país American “Dream”.
Muitos se engajaram com várias hashtag como #blackouttuesday, em protesto ao assassinato de pessoas negras nos Estados Unidos e no Brasil.
Algumas marcas e estilistas brasileiros também postaram foto preta no feed com #vidasnegrasimportam. Estilistas como Reinaldo Lourenço e Glória Coelho, foram alguns nomes que postaram algo relacionado, porém, modelos negros ficaram indignados, porque há vários relatos de discriminação vindo desses estilistas.
A modelo Thayná Santos, fomentou e coletou depoimentos de modelos negros que foram vítimas de preconceito por estilistas e marcas, que postaram #vidasnegrasimportam. Na prática, eles, agências, marcas e toda essa indústria; seguem discriminando e excluindo profissionais pela cor da pele.
Há depoimentos de maus-tratos, deboche; comentários racistas sobre fenótipo (textura de cabelo, tom de pele e traços fenótipicos) e total desrespeito nos castings.
Os salários para cumprir as mesmas funções e tempo, difere entre negros e brancos, segundo a modelo Cindy Reis, que já recebeu um cachê 5 vezes menor que um profissional branco para fazer o mesmo trabalho. Além de já ter sido chamada para desfilar e ao chegar no local, foi trocada por uma modelo branca.
Segundo Natasha Soares, são exigidos corpos extremamente magros com biótipo europeu, sendo que algumas mulheres negras possuem quadris mais largos que difere das brancas. Muitas seguem dieta bem restrita e acabam passando mal.
Outra questão a ser levantada é da permuta. Foi relato que há marcas com grande alcance que podem pagar esses profissionais pelo trabalho proposto, mas não o fazem. Quando tem pagamento, o cachê é sempre atrasado.
Alguns dos depoimentos retirados dos stories da modelo Thayná Santos.
Quantidade de modelos negros vs brancos nas temporadas de desfiles:
Há racismo contra negros que são maquiadores, produtores e estilistas. Os desafios são enormes por conta do preconceito e inflexibilidade dá própria indústria. Muitos modelos, só tem devido reconhecimento se forem realizar trabalhos fora do país. Há uma falta de valorização da estética nacional e cultura nacional. A moda brasileira insiste com seu complexo de vira-lata, ao invés de abraçar a diversidade e tratar esses profissionais com devido respeito e acolhimento.
Sobre nós? Esperamos mudanças e até lá, boicotaremos marcas racistas.
Não tem pessoas como eu? Não terá meu dinheiro então. Precisamos apoiar a ideia de comprar dos nossos e estimular a circulação de dinheiro entre os nossos, e isso inclui tudo o que pessoas negras produzem.
Consumir moda é valorizar estilistas, maquiadores e profissionais. Precisamos aprender com o exemplo do povo Judeu, que circula dinheiro entre eles, apoiando e comprando produtos que são produzidos por eles. Fazendo assim, com que a comunidade se levante economicamente cada vez mais.
Assim precisamos fazer com o povo preto e geral o nosso Black money pessoal.
Isso é tudo, obrigado!
-por Monique Souza
Monique é artesã, apaixonada por artes visuais e moda. Adora acompanhar revistar importantes de moda e está sempre de olho no que rola no mundo fashion. Ela acredita no poder que a moda tem em nos trazer autoestima e representação de personalidade. Conheça mais sobre a autora desse texto: Instagram: @moniqueglasgow1