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Novos e velhos sentimentos

Nada mais será como antes

Desde o início da pandemia várias questões têm passado pela minha cabeça, várias ideias e resoluções sobre como a vida era, é e será. Acredito que você também. A vida tomou um rumo do qual ninguém havia esperado ou se preparado. De repente, não mais que de repente, nossa casa virou nosso trabalho, ficamos mais próximos das pessoas da nossa casa e distante do pessoal do trabalho e a nossa vista se tornou única, os cômodos da casa, e não mais os caminhos e trânsitos de todo dia. As ruas ficaram vazias, festas e encontros cancelados, reuniões de família e viagens deixadas para depois. E sentimos demais tudo isso…e como sentimos.

Acredito que não tenha uma pessoa no mundo que não tenha se sentido vulnerável, confuso, com receio de tudo que estava acontecendo. E com medo do que viria depois…

Sei que, neste momento, o que será do amanhã é uma incógnita e que é difícil imaginar como será a nossa rotina num futuro próximo. Mas te faço um convite para refletir sobre uma coisa que essa pandemia nos trouxe. A certeza de que tudo não será como era antes. As relações, os trabalhos, a forma como vemos a vida e a nossa relação conosco. Afinal, umas das relações que você deve ter vivenciado com mais intensidade durante este período foi com você, teve que aprender a conviver com novos e velhos sentimentos e buscar entender suas ações e reações diante de várias situações que não faziam parte do seu cotidiano. E até situações que você nunca imaginou passar. Fomos “forçadas” a sair do piloto automático de uma forma bem drástica. Mas também podemos imaginar que foi uma possibilidade de romper com o velho medo de sair do que nos era normal. Mostrar que a vida sempre muda, está sempre em movimento, por mais que relutemos com as mudanças.

E, pensando assim, refletindo sobre tudo isso, não tive como fugir de Lulu Santos. Para ser mais precisa, não tive como não parafrasear a música “como uma onda” do Lulu. Você já parou para escutá-la? Mas não vale aquela vez que você estava no mar com amigas e cantando bem alto e nem aquela vez no Karaokê. Estou falando em parar e ouvir, de verdade, prestando atenção na mensagem que ela traz. O Lulu é gênio em escrever canções que não são o que parecem ser, e essa é umas das que mais gosto, pois ele faz uma comparação da nossa vida com o mar e na sua rápida e eterna mudança. E a parte que mais me chamou atenção é a que ele diz:

“…não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo agora, há tanta vida lá fora. Aqui dentro sempre, como uma onda no mar…”

A alusão que ele faz sobre a vida ao nosso redor e a nossa vida interna em constante mudança, para o bem ou para o mal, e que por mais que não queremos isso irá acontecer é um convite para explorarmos as possibilidades que nos cerca, de sermos valentes e corajosas para lutarmos e acreditar que tudo passa. E, em seguida, vem outro movimento, outra ação, outra onda que vai levar a vida para frente. E tudo isso é natural, é tranquilo, fluido. Como nossas vidas têm que ser.

Essa é só uma parte da música, ela ainda traz várias outras reflexões, que te convido a escutar e pensar. Mas para o momento te deixo com essa reflexão e uma pergunta: quando essa onda passar, e voltarmos para o ‘normal’, você ainda será a mesma?

– por Carolina Dias

Carolina é mulher, negra, professora de línguas da rede municipal de SP, casada, estudiosa e curiosa. Acredita na força interior do autoconhecimento e do autorreconhecimento. Conheça mais sobre o perfil da autora desse texto no Instagram:@kroljuliana

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